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Construção de Penitenciária em Apucarana-PR

Tenho acompanhado atento às discussões sobre a construção de uma Penitenciária em Apucarana e confesso que fico incomodado ao ver quantas opiniões de lideranças são dadas sem nenhum embasamento técnico ou mesmo algum estudo científico. Pessoas bem intencionadas admito e cheias de boa vontade, mas sem o preparo necessário para opinar com clareza a respeito de um tema tão relevante.

Vejo opiniões abertas e sem efetividade, tais como: precisamos investir em educação, em trabalho, em saúde e não em penitenciarias. É evidente que precisamos investimentos em saúde, educação, trabalho. Mas a criminalidade esta ai batendo a nossa porta e precisamos de políticas publicas que façam frente também a essa necessidade. Não podemos aceitar, de qualquer governo que seja, a construção de uma unidade prisional com as características atrasadas e desumanas que vemos em boa parte do Brasil. Mas temos exemplos em varias regiões do nosso Estado de estruturas que realmente servem ao verdadeiro objetivo da pena que é o efetivo cumprimento da execução e a reinserção social do condenado.

A violência esta intimamente ligada ao alto nível de reincidência criminal que assola nosso pais, pois quase 70% dos presos nacionais voltam a cometer crimes e retornam para o sistema prisional. Isto é muito grave. Pensemos bem, a cada 10 presos que saem das cadeias, 7 retornam presos. Se não atuarmos na recuperação ampla desses apenados, não haverá construções suficientes para tal demanda. Não podemos construir de qualquer jeito. Não podemos estruturar de qualquer jeito. Mas com um bom estudo, agregando conhecimento de quem trabalha na área, ouvindo opiniões e idéias de especialistas, podemos montar uma estrutura exemplar aqui em nossa cidade. A construção de uma unidade adequada em nosso município não representa apenas a solução física para um problema crônico, que vem se arrastando há décadas. Implica, também, na possibilidade que daremos a nossos jovens, que infelizmente caem nas garras marginais, hoje, geralmente, levados pelo uso indiscriminado de drogas licitas e ilícitas, de conseguirem uma recuperação para novamente voltarem ao seio da sociedade sem fazer-nos vítimas futuras de um tratamento penal mal realizado.

As novas unidades penitenciárias criadas no Paraná, nos últimos anos, já não são mais escolas do crime. Várias delas tem provado que o problema tem solução. Que um trabalho realizado com inteligência e comprometimento tem resultados animadores. Não podemos continuar jogando a sujeira pra baixo do tapete do vizinho. Creio que não podemos continuar exigindo que ¨os outros¨ resolvam este problema. Temos que ser proativos nesse caso e buscar dar nossa contribuição para a construção de uma sociedade melhor. Não podemos deixar de participar ativamente do desenvolvimento social de nossa cidade, do nosso Estado e da Nação brasileira, por desconhecimento e opiniões inadequadas. Vamos nos informar, estudar, ponderar e debater. Ai sim estaremos aptos a opinar e decidir.

(Artigo escrito no período de discussões sobre a vinda de uma penitenciária para a cidade de Apucarana).

Luiz Carlos Leitão