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Temos Que Enfiar a Mão na Massa

Escrito por Luiz Carlos Leitão

Vivemos num momento de indecisão terrível. Não temos em nossa legislação, em tempos normais, nem pena de morte, nem pena de prisão perpétua. Dessa forma, independente da gravidade do crime e das circunstâncias de seu cometimento, em 30 anos, no máximo, o meliante estará nas ruas.

O chavão “bandido bom é bandido morto”, continua no imaginário das pessoas. Mas a realidade é dura. Criminosos, violentos ou não, recuperáveis ou não, após um determinado tempo, estarão novamente circulando em nosso meio.

Isto não nos permite muita alternativa, pois sem a chance de exterminá-los ou segregá-los indefinidamente, apenas nos resta uma solução que me parece óbvia, qual seja, a sua recuperação.

Temos apenas, por uma questão racional e sem nenhum apelo cristão envolvido, a atitude inteligente de tentar reconstruir princípios e valores nesses sujeitos, na esperança de que não voltem a delinquir, para que não tenhamos o desprazer futuro de sermos suas próximas vítimas.

Mas como fazer isso com uma sociedade tão resistente? Como realizar esta difícil tarefa, se politicamente, investimentos nesta área não capitaneiam votos?

É, definitivamente, uma situação muito complexa, mas se não investirmos em melhorias no tratamento penal estaremos fadados à esse estado lastimável de medo e insegurança que vivemos neste momento. E não me refiro tão somente a investimentos materiais, faço, primordialmente, referência a investimentos em qualificação humana, pois não havendo pessoas comprometidas e bem treinadas para esse importante e inglório trabalho, qualquer coisa que façamos se torna insuficiente para frear essa crescente violência que nos assola.

Temo que se continuarmos nessa letargia, sem pormos a mão na massa, em pouco tempo estaremos, como homens de bem, tão amedrontados e encarcerados quanto aqueles que escolheram andar pelo tortuoso caminho da criminalidade.