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Velhas práticas, resultados iguais

Escrito por Luiz Carlos Leitão

O Paraná trilha um caminho já conhecido quando o assunto é sistema prisional. O caos está instalado. Superlotação, rebeliões, fugas, mortes. Um ciclo de horrores que já estamos acostumando a ver por nosso país, mas que agora permeia a vida dos paranaenses. São problemas antigos tratados de maneira antiga. Percorremos os mesmos caminhos e, portanto, tudo leva a crer que chegaremos aos mesmos resultados, qual seja, descontrole, violencia e medo.

Parece que adotamos sempre o caminho mais curto. Se inflamar o dedo, cortamos a mão e o problema estará resolvido. Soluções simples demais para problemas cíclicos de uma complexidade incrível.

Paro e fico pensando sobre os “porquês” de cada fato. Acabo tendo a nítida sensação de que sou o único. Talvez eu seja um pretensioso. Mas vendo todas as mídias acabo reforçando esta assertiva. Tivemos no Paraná 12 rebeliões em menos de um ano, penitenciárias que oferecem tudo em termos de ressocialização ao detento, depredadas e queimadas, várias mortes de agentes, motins diversos para obtenção de transferências, dentre outros fatos corriqueiros hoje na realidade dos presídios do Paraná. Chegamos ao cúmulo de ver presos que, após ter cumprido pena, se mobilizarem e invadirem um presídio com o fim único de eliminar agentes prisionais. Quais os reais motivos de tanto ódio? O que está errado? Por que ninguém busca descobrir os motivos desse fenômeno crescente em nosso Estado?

Li matérias, assisti depoimentos, ouvi discursos inflamados sobre cada fato, contudo, em nenhum momento vi alguém citar a necessidade de se entender os “porquês” de tudo isso. Se continuarmos trabalhando de forma desordenada e sem um planejamento inteligente, esta situação tende a piorar e muito. Algo precisa ser feito. As pessoas que detém autoridade para mudar isto que nos está posto, tem a obrigação de trabalhar com mais qualidade. Papo furado, conversa mole e opiniões despreparadas tem que sair de cena. Temos que repensar o sistema e, já deu pra ver, que apenas criar estruturas físicas adequadas não resolve. Seria no mínimo inteligente investir-se no aspecto humano. Precisamos urgentemente transformar as Faculdades do Crime em Escolas de Cidadania. Presídios não podem continuar sendo Fábricas de doidos. Sufoca e desespera ver tanta incapacidade em lidar com um problema tão profundo e que afeta a todos nós.

É necessário que se esqueçam as velhas desculpas, que se rompam com as velhas práticas e que se tenha a capacidade de se delimitar os “porquês” dos acontecimentos. Estamos à beira do caos e parece não termos a sensibilidade de aprender com os erros já cometidos. Ainda acredito na atuação estatal, porém, confesso, esta crença esta por um fio.