Artigos

A Melhor Arma, o Voto!

Escrito por Luiz Carlos Leitão

A partir de agora entramos no período pré-eleitoral. Momento importantíssimo em que postulantes aos poderes legislativo e executivo municipais começam a se apresentar para a sociedade.

Já, de antemão, parabenizo essas pessoas bem-intencionadas e responsáveis que entrarão na disputa. Possuem extrema coragem e sangue forte, pois enfrentarão um ambiente hostil, de muita malandragem, de muita gente aventureira e de pouco engajamento por parte do elo mais importante desta seara, o eleitor.

Estamos passando por momentos de repaginação de nossa política. A todo momento estamos vendo esquemas de corrupção e favorecimentos serem desmantelados por diversas linhas de investigação que desnudam todo o arcabouço de possibilidades e criatividade utilizados por nossas ilustres autoridades estatais e privadas, para apoderarem-se do erário em benefício próprio, e isso em todos os espectros de nossa sociedade.

Este apoderamento se dá de diversas formas. Seja pelo enriquecimento ilícito, seja pelo aumento de mando e poder, ou seja, simplesmente, pelo tráfico de influencias frente aos mais diversos órgãos de nossa República.

Neste momento, em que tomamos ciência de todas as mazelas existentes, temos em mãos a grande possibilidade de acabar com este estado de coisas, pois para chegarem a uma eleição, o eleito terá obrigatoriamente, que conquistar votos.

Como sabemos das curvas da política partidária e das manobras utilizadas por políticos tradicionais, é de se presumir que escolher muito bem nossos representantes, será uma tarefa tranquila, não é verdade?

Temos notícias de quem são os malandros, conhecemos a forma de atuação destes e desejamos um país melhor. Tudo isso indicando para uma solução sossegada e democrática, certo? Certo nada. Aqui é que começa o problema.

Para resolvermos toda esta parada, precisamos contar com eleitores responsáveis e conscientes que coloquem, na urna, votos minimamente razoáveis, dentro de critérios de qualidade moral, intelectual e cultural. Essa, na prática, é a determinante mais complexa do pleito.

Questões, a princípio, simples, permanecem como um questionamento complicado em minha cabeça, pois me pergunto, com todo o conhecimento que temos hoje, como podemos eleger candidatos caricatos, malandros, desqualificados e descompromissados com o bem-estar da coletividade? Que tipo de eleitores somos que não conseguimos escolher as melhores pessoas que irão definir o rumo provável de nosso futuro?

São questões incômodas que a cada dois anos voltam com força a permear nossos pensamentos.

Como posso, como eleitor, não conseguir escolher melhor? Porque esta arma tão importante, para termos uma democracia forte e vibrante, não é bem utilizada?

No ambiente democrático, as partes envolvidas, eleitos e eleitores, possuem sagrados e inalienáveis direitos, porém o que não pode acontecer é esquecerem-se de seus, igualmente importantes, deveres.

Ouvimos muito falar das obrigações de nossos representantes, como devem agir e qual a responsabilidade exigida do cargo que ocupam. Mas, fora esta questão preponderante, de igual valor é sabermos qual a responsabilidade de quem está na outra ponta do processo eleitoral, o nosso querido e caro “eleitor”.

Muitas vezes não paramos para refletir sobre esse assunto, afinal minimizamos, e muito, a importância da participação do eleitorado.

Tudo funcionaria bem não fosse o fato do Congresso, receber carta branca de seus eleitores para fazerem o que desejarem em seus cargos e não relacionarem isso a um mandato eletivo sujeito a avaliação, reavaliação e cobranças dentro dos compromissos assumidos e das propostas apresentadas durante a campanha.

Acredito que o dever dos eleitores vai muito além do simples ato de votar a cada dois anos e muito além da boa prática das regras de bom comportamento para o dia das eleições.

Não basta apenas comparecer às urnas e exercer seu direito sagrado ao voto. Um bom eleitor precisa necessariamente saber votar bem. É bom que tenha consciência e posição sobre o que é melhor para sua comunidade. Para isso, se informar adequadamente antes das eleições é passo fundamental.

Afinal, em quem devemos votar? No sujeito que é bacana, bonzinho? Naquele que é seu amigo ou conhecido? Porque é bonito ou bonita? Porque te fez um favor?

Em uma democracia, são vários os candidatos e várias as ideias que circulam para fazer frente aos mais diferentes problemas enfrentados por um município, estado ou país. Entendo que é dever do eleitor, antes de escolher seu candidato preferido nas eleições, se inteirar, o quanto possível, sobre suas propostas.

Algumas questões importantes para considerar na hora de definir o voto seriam a trajetória do candidato, suas origens, a maneira como foi parar na política, se é efetivamente idôneo, se suas bandeiras levantadas são condizentes com as suas crenças, como cidadão, em relação ao que é melhor para sua comunidade, se as promessas feitas são conexas com as funções e capacidades que o cargo a que ele concorre lhe investem, se suas promessas são realistas, possíveis de serem alcançadas e adequadas ao contexto econômico e político em que se encontra o município, enfim, há uma gama de detalhes a serem vistos, mais relativos à sua qualidade moral e capacidade de levar em frente projetos que irão alterar a vida de sua coletividade.

Precisamos lutar contra o voto de cabresto, o famigerado rouba, mas faz, além do voto totalmente descompromissado e em desacordo com o anseio social vigente.

Importante destacar que o trabalho do eleitor não acaba assim que terminam as eleições.

Afinal de contas, elas são apenas a primeira etapa de um longo ciclo que se repete a cada dois anos. Após as eleições, você, eleitor, deve assumir a sua cidadania e acompanhar e fiscalizar o trabalho de seus representantes, especialmente aqueles aos quais ajudou a eleger.

Escolher com responsabilidade e manter contato constante com seus candidatos eleitos, para cobrar posições em temas importantes ou promessas feitas durante a campanha, são ações prioritárias para o bom desenvolvimento democrático de uma nação.

Deixe seu comentário